domingo, 30 de outubro de 2011

http://www.youtube.com/watch?v=Y6XneqkfD3c

mãos

Como colocar tudo que sinto em palavras? Como descrever todo o sentimento, todo o momento com palavras? Como? Tentarei da melhor forma,prometo.
Já era madrugada, final da festa. A música,chiava ao fundo e aos poucos o lugar ia se esvaziando. Cansada em sentei no chão, a noite tinha sido boa, mas não tãoo boa quanto eu imaginava. Me sentei, havia tomando um pouco de álcool, estava alegre e o mundo rodando um pouco. Sono,queria ir pra casa dormir.Mas eu estava de carona..sei que então olhei pra cima e ele estava do meu lado.Puxei a barra de sua calça, ele olhou pra baixo,sorriu e logo se sentou ao meu lado.
Em poucos minutos,outras pessoas se juntaram a nós. E não sei bem dizer,quando foi o momento exato,mas então nossas mão se encontraram. A dele mais branca que a minha,macia e quente. Foi algo tão especial, tão cuidadoso, tão quentinho. Mas eram e foi só, o encontro de duas mãos. Não teve beijos, não teve amaço, teve só aquilo, duas mão que perdidas, se acharam, se encontraram e não mais se soltaram.
Ele, o dono da mão, tem um nome que eu adoro.Mas um nome que tenho medo, Diego. Adoro esse nome, já sonhei com uma pessoa,com esse mesmo nome, que ainda nem conheci,milhões de vezes..Na verdade, no meio das minhas tristezas, dos meus desancatos, sempre me consola o meu sonhado e imaginário Diego.
Esse não se parece com o meu, é tão menino.Gosta de anime e conversa, com uma doçura e ao mesmo tempo com uma inocência, como se não houvesse malícia. Me olha, com encanto,com cuidado, mas não com desejo, não o desejo da carne.
Um dia desses, nos encontramos por acaso saindo da faculdade, conversando coisas bobas,entramos no onibus,passamos o ponto certo e continuamos a conversa por um bom tempo. Então eu olhei para o relogio, ja era tarde e era hora de ir embora. Sorri e me despedi.. ele não veio atrás de mim e nem eu fui.
E então, outra vez, por acaso, nos encontramos na festa e no final dela, nos mãos derão se de encontro. Silêncio, nada falavamos,nada fizemos. Só aquele momento incrivel,mão unidas. Carinho no olhar.
É sempre estranho, sempre intenso.Mas qualquer brisa, me faz olhar pro lado. E naquela festa fantasia, um príncipe se sentou do meu lado. Já conhecia e,naquele noite o conheci ainda mais. O beijei, mas ele não me deu muita moral. Foi um beijo e só. Mesmo assim, se sentou do meu lado.Me perguntou se meu amigo,era gay. Me assustei, olhei para as mão entrelaçadas, olhei para aquele rosto de pele mais branca que a minha, de doçura e carinho no olhar e então,minha mão desgrudou da dele. 
Sua mão, ainda buscou a minha. A minha razão, emoção e o principe, deixaram minha mãos sozinhas no meu colo. Sem graça e confusa, me recolhi. Tangi sem querer,o Diego.Ele se lavantou, inventou uma desculpa e foi embora.
 A magia da noite se quebrou e as mão se perderam.
Fui embora e acordei, lembrando das mãos que se encontraram...

desaprendi

Não foi bem por quer, foi acontecedo.Mas desaprendi o caminho da sua sala, meus pés desaprenderam como fazer pra chegar lá. Minha cabeça, desamprendeu o número dessa sua sala e meus olhos,aprenderam a não mais olhar dentro dela cada vez que eu passava.
Meu coração já não desapara mais,ao pensar em você. Alias desaprendi a pensar em você, minha abstinência de você é cada vez menor. A saudade, vai diminuindo e eu já não preciso mais de doses fortes de você.
O seu abraço, o seu beijo já não me acompanham mais nas lembranças, nos sonhos acordados, nos momentos de pensamento vazio do meu dia. Desapredi aos poucos a querer você,a desejar você com todo meu ser. Desaprendi a te querer,a te buscar e desaprendi também a sentir sua falta, desesperar com sua ausência. 
Desaprendi o caminho até você. Todas os atalhos, trilhas e caminhos que me levavam até todos os seus refúgios se perderam e minha pouca memória já não me deixa mais lembra-los. E o que ainda resta, vai sendo desaprendido aos poucos. 
Agora aprendo a ser sensata,a ir frente, a buscar alguém que possa ser mais meu. Aprendo a não mais precisar de você, precisar tanto do seu ser e mesmo no auge da minha carência, da minha solidão vou dasaprender totalmente a te querer.
Mesmo que as vezes desperte no meio da noite, no meio na monotice dos meus dias te querendo, te desejando, vou desaprender. Vou esquecer. Vou me esforçar pra aprender algo novo, olhar pro lado e ver outros caras legias, outros abraços bons, outra química tão gostosa.
Mesmo que te veja e todo o meu corpo te deseje, vou desamprender a sentir isso. Vou controlar,cada célula do meu corpo e vou enfim aprender a ser sensata,ser realista e não mais esperar você. Não mais esperar seu cuidado, sua atenção e qualquer coisa que seja verdadeira e que vá além daqueles muros.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

tirado da revista Marie Claire


“Como superei um estupro''
Depoimento a Fernanda Dannemann 




Faz seis anos que a estudante universitária Lúcia*, de 28 anos, foi estuprada a poucas quadras de sua casa, em um bairro tranqüilo de Juiz de Fora (MG). Mesmo abalada, resolveu denunciar o criminoso. Passou pela via-sacra de delegacias e exames de corpo de delito, e durante um ano conviveu com a possibilidade de ter contraído o vírus HIV. Hoje, consegue falar do assunto sem mágoas e conta como recuperou a alegria depois do trauma.
Na manhã de 10 de novembro de 1999, acordei assustada depois de um pesadelo. Sonhei que estava numa praia, mas pisava em cacos de vidro em vez de areia. Meus pés sangravam e eu não conseguia sair dali. Na época, eu tinha 22 anos e era recepcionista de uma emissora de TV. Estava chovendo, fui trabalhar agoniada. À noite fui para a faculdade, onde cursava o terceiro ano de letras.
Naquela noite a aula acabou mais tarde. Quando cheguei ao ponto de ônibus, às 22h30, o ônibus que me deixaria na porta de casa já havia passado. Peguei outro que, por volta das 23h, me deixou numa rua paralela à minha. Caía uma chuvinha, a rua estava deserta. Quase na esquina de casa, notei duas pessoas atrás de mim. Alguém agarrou meu pescoço por trás, perdi o fôlego, caí e fui arrastada até um terreno cheio de mato. Imaginei que era um assalto.
No meio do mato, vi que eram dois rapazes, embora não enxergasse bem no escuro. Um deles estava armado. Enquanto o outro procurava minha bolsa, usando um isqueiro como lanterna, o que estava armado forçava o meu rosto contra o chão. Eles cheiravam a álcool, senti que algo de muito ruim ia me acontecer. Acho que tive uma descarga de adrenalina tão grande que fiquei em estado de choque. Não chorei nem tentei fugir.

O rapaz armado me disse: 'Tire a calça e a calcinha'. Paralisada, tentei olhar o rosto dele. Ele disse: 'Não olha pra mim ou te mato!'. Tirei a roupa, ele abriu minhas pernas com violência, forçando meu rosto contra a lama. Ainda ouvi o outro dizer: 'Não faz isso'. Depois ficou quieto. Eu não conseguia me mexer nem respirar direito, porque tinha barro no meu rosto. Ele ficou me agarrando e introduziu o pênis com força. Ainda falou no meu ouvido: 'Você vai ficar traumatizada pelo resto da vida'. Pedi pelo amor de Deus que não fizesse aquilo, ele disse: 'Não acredito em Deus, moça'.
Quando ele saiu de cima de mim, consegui encará-lo. Era jovem, magro, tinha o cabelo curto e uma cicatriz vertical na bochecha direita. Meu olhar foi de tanto ódio que ele me deu um soco no olho, gritando: 'Não me olhe assim!'. Sentei na lama, nua, de cabeça baixa. O outro rapaz continuava ali, mexendo nas minhas coisas. Pensei na minha mãe, que devia estar preocupada com meu atraso. Comecei a rezar e consegui, com calma, conversar com aquela pessoa transtornada. Inventei que tinha um filho de 2 anos, ele quis saber onde eu trabalhava. Manejando a arma, ele alternava uma personalidade agressiva com outra, amável e civilizada. Nua, na chuva, eu não sentia frio ou dor. Só queria fugir dali.
De repente, o outro rapaz perguntou: 'O que a gente faz com ela?'. Ele respondeu: 'Mata!'. Eu me surpreendi, mas não achei que ia morrer. O estuprador se acalmou, começou a mexer na minha carteira. Perguntei se podia me vestir. Ele disse que sim, mas pegou minha mão esquerda e quebrou meu dedo anular. Fez isso sem mais nem menos, por pura maldade. Não senti nada. Depois perguntou, com voz doce: 'Moça, quer que eu ajude a se vestir?'. Fiz que 'não' com a cabeça. Juntei minhas coisas e caminhei devagar em direção oposta à minha casa. De novo agressivo, ele gritou: 'Se olhar pra trás, eu meto bala!'.
Dei a volta no quarteirão, sem olhar para trás. Em casa, esmurrei a porta. Minha mãe abriu e eu me joguei em cima dela, aos prantos. Ao me ver toda suja, machucada, meu pai desmaiou no sofá. Enquanto minha irmã o socorria, minha mãe perguntou: 'O que fizeram com você, minha filha?'. Ao ouvir a voz dela, comecei a sentir todas as dores. O dedo doía, o pescoço, o corpo todo. Mas a dor maior era interior, uma dor que só quem passou por isso pode entender. Corri para o banheiro e, no chuveiro, tentei me livrar daquela sujeira no corpo e na alma. Tomei minha pílula anticoncepcional e senti um alívio ao pensar que, grávida, aquele animal não me deixaria.
Era quase 1h da manhã quando saí do banheiro. Minha mãe já tinha ligado para a polícia e para o Bruno*, meu namorado há sete anos, que me esperava na sala. Eu disse aos policiais que tinha sido assaltada. Ao me verem machucada e de banho tomado, eles perguntaram se era só um assalto mesmo. Insisti que sim. Omiti o estupro por vergonha e por pena dos meus pais.
Depois o Bruno me levou ao pronto-socorro. No carro, comecei a chorar. Não precisei falar nada. Ele só perguntou se eu tinha sido estuprada pelos dois. 'Sou seu companheiro e estou com você para o que der e vier', disse. Esse momento me marcou e me ajudou muito porque me senti totalmente amada e protegida. Depois de colocar uma tala no dedo, voltei para casa, mas não consegui dormir. Na madrugada, veio o sentimento de culpa, como se eu fosse responsável por tudo, por ter andado sozinha à noite.
No dia seguinte, fui com o Bruno a uma ginecologista. Consegui falar sobre o estupro, sem entrar em detalhes. Ela me orientou sobre as doenças sexualmente transmissíveis -aids, sífilis, hepatite B e gonorréia. Foi como levar outro soco. Chorei muito e, incentivada pelo Bruno, resolvi denunciar o estupro na Delegacia da Mulher. Fui bem atendida por uma delegada gentil, fiz o exame de corpo de delito. O ideal era não ter tomado banho antes, mas isso é quase impossível. Mesmo assim, o exame comprovou o estupro.
Ao chegar em casa, recebi uma visita da turma da faculdade, que soube do assalto. Mais de 20 pessoas encheram minha casa de alegria. Dormi mais aliviada e acordei com coragem para ir a uma delegacia normal fazer o retrato falado do agressor. Minha irmã mais velha, que deduziu o estupro sem eu ter contado, foi comigo. Que decepção. O lugar era desorganizado e tinha uma capitã que só estava preocupada em se livrar de mim, porque o policial que me atenderia tinha sido escalado para fazer o retrato falado dos assaltantes de um prédio de elite.
Resolvi me concentrar na minha saúde e procurei um infectologista. Meus primeiros exames de sangue deram negativo, mas o HIV leva de três a seis meses para aparecer. O médico sugeriu que eu iniciasse um tratamento com coquetéis. Nesse dia, minha mãe, vendo o meu nervosismo, começou a desconfiar do estupro. No fundo, ela já sabia, mas não perguntava nada. Meu pai só pensava em chamar os vizinhos para achar os assaltantes.
Fazia cinco dias que eu tinha pesadelos, não parava de pensar no estuprador. Senti que precisava retomar a vida, então resolvi ir à faculdade. Fui recebida com o maior carinho e desabafei com uma amiga, filha de um médico. Ela sugeriu que a gente fosse conversar com o pai dela. Pela primeira vez consegui contar tudo, nos mínimos detalhes. Ele me indicou outro infectologista, que me explicou que o ideal é tomar o coquetel até 24 horas após o estupro. Senão é melhor esperar os três meses que o vírus leva para aparecer. Além de conviver com essa dúvida, eu andava com medo de tudo: não conseguia sair sozinha nem ficar na casa dos meus pais, a poucos metros de onde havia sido estuprada. Fui morar na casa do Bruno.
Uma semana depois do estupro, minha mãe me ligou contando que um rapaz com as mesmas características tinha estuprado uma menina de 16 anos, virgem, no mesmo local. Indignada com o caso da menina, procurei uma pessoa do departamento de jornalismo da emissora em que trabalhava e dei uma entrevista, sem mostrar o rosto, encorajando outras vítimas a denunciar o estuprador e buscar ajuda médica. No dia seguinte, dei outro depoimento, com nome fictício, para a repórter de um jornal, que investigava uma onda de estupros na cidade. A sensação de estar ajudando outras vítimas me fez bem.
Quando a entrevista saiu no jornal, disse à minha mãe toda a verdade. Conversamos trancadas no quarto. Tirei um peso das costas e, a partir daí, pude compartilhar tudo com minha mãe. Ela contou ao meu pai. Ele só perguntou se eu era virgem no dia em que aconteceu e ficou aliviado ao saber que não. Até hoje ele chora quando vê um caso de estupro na TV.
Duas semanas depois, dois policiais me procuraram com a foto de um rapaz preso por estupro. Senti um calafrio: era ele. Soube que tinha 20 anos, era filho único de pais humildes e já tinha cometido um estupro há dois anos, mas foi solto por ser menor. Dessa vez seria diferente.
Com a intenção de me animar, muita gente vinha me falar dos sofrimentos que o estuprador estaria enfrentando na cadeia. No começo, eu pensava: 'Bem feito!'. Depois aquilo passou a me incomodar. Quando sentia raiva, procurava pensar em coisas positivas, para não alimentar o ódio. Não o perdoei, mas não desejo mal a ele. O que sinto é desprezo.
Depois de seis meses comecei a fazer terapia com um psicólogo, que durou dois anos. O tratamento me ajudou a recuperar o bom humor e a acreditar que poderia ter uma vida normal. Aos poucos, retomei a vida sexual. Logo depois do estupro, perguntei ao Bruno se ele ainda me desejava. Ele chorou comigo, disse que o nosso amor era superior a tudo. Dormimos juntos durante um mês sem fazer sexo. Uma noite, beijo daqui, beijo dali, deixei acontecer. Não foi como antes, me senti invadida, lembrei do estupro, mas procurava me concentrar no Bruno, no nosso amor. Mesmo assim, as primeiras vezes foram difíceis. Demorei mais de um ano para voltar a ter orgasmo. A dúvida em relação ao HIV também foi um tormento. Durante um ano, tive de repetir o exame a cada dois meses.
O que mais me ajudou, além da terapia e das pessoas iluminadas com quem contei, foi ter agido. Ter denunciado, dado entrevistas, reconhecido o estuprador, tudo isso me deu força para não me sentir a eterna vítima. Eu me recusei a ter pena de mim mesma. Hoje, só penso no que aconteceu quando vejo uma cena de estupro no cinema. Mas é como lembrar de um pesadelo que passou.
Em 2002, o estuprador foi condenado a 20 anos por quatro estupros -outras três moças o denunciaram. Uma delas contraiu o HIV. Achei a pena curta por tudo o que ele fez. Hoje há uma discussão em torno do aborto em casos de estupro. Acho que a mulher deve ter sempre esse direito. Se eu tivesse engravidado, como teria um filho de alguém que me fez tão mal?
Apesar do sofrimento, esse pesadelo me despertou para uma realidade distante do meu mundo: doentes terminais, saúde pública precária, polícia despreparada. Acho que fiquei mais madura, mais sensível. Resolvi estudar jornalismo e faço parte de um grupo de apoio a crianças órfãs soropositivas. Depois de dois anos, meu namoro com o Bruno terminou, mas seremos eternamente amigos. Fui morar sozinha e logo conheci o Ricardo*, com quem vivo outra história de amor. Acho que nada é por acaso, todas as dores são provas. Espero que a minha história ajude as mulheres que passaram pelo que passei a acreditar que é possível voltar a ser feliz."

http://revistamarieclaire.globo.com/Marieclaire/0,6993,EML970807-1749-2,00.html








medo

hoje tive um sonho estranho, dois caras corriam atrás de mim. Eles tinham má intenções e por um triz, não conseguiram me pegar. Na cena seguinte, eu abraçava minha mãe e chorava,chorava muito. Acordei assustada, feliz por estar segura no meu quarto.
Foi estranho o sonho, mas reflete meu medo. Medo do escuro, medo da noite, medo do medo. Medo de caras desconhecidos, medo de gente negra, medo de homem que diz "princesa". Eu vivi algo muito ruim, algo que não desejo a ninguém. A nenhuma mulher nesse mundo.Nem para aquelas mulheres invejosas ou traiçoeiras, cada um colhe o que planta e na vida,uma hora se paga. Mas não desejo que ninguém pague com a dor, com o sofrimento da coisa tão absurda que eu vivi.
Chama- se estupro. O meu durou uma hora, uma hora inteira, que não passava. Pra mim, parecia uma eternidade. Cada segundo era infinito de dor e medo. Eu só queria continuar viva, só queria voltar pra casa, voltar pro meu Brasil, para os meus quartos, os meus mundos. Para os meus pais, amigos e pessoas amadas.  Estou viva e já vai fazer dois anos,agora, por esses dias. Andando por aí, descobri outras histórias bem piores que a minha. De mulheres que foram vitimas de pessoas  conhecidas como namorado, avô, primo,tio.. e por aí vai. O meu não tem nome, nem cara, nem tenho a menor ideia de quem seja. PUTA QUE PARIU. O que afinal leva um cara a fazer algo tão absurdo, tão loco  como uma mulher. PUTA QUE PARIU.
Aprendi a ser forte, a sorrir e brincar com esse assunto. Mas a verdade, é que tenho medo. Muito medo! Medo de andar nas ruas, medo de olhar pra trás, medo de homens negros (mesmo que sejam bem vestidos). Tenho medo da noite e admiro todas as pessoas que vivem sem medo, que desfrutam a noite,adoram a madrugada.Tenho medo de andar de onibus, tenho medo de ruas escuras e até ruas claras,quandoo já é noite. Tenho medo de pedreiros, garis, homens na rua. Tenho medo de homens.
Aprendi a sorrir, a olhar pra trás e ver amor. Porque eu tive do meu lado,muito amor, muito carinho e muito cuidado. De todos os lados. Mas ainda sim, tenho medo. Depois do estupro fui tão cuidada e,não é que hoje eu não seja mais, só que a vida segue. E eu estou seguindo em frente, estou reaprendendo a caminhar por aí, a não ter medo. Mas é tão difícil. E as vezes, eu não queria sair correndo quando vejo um negro ou tremer só com uma olhada. Mas é tão difícil. é maior forte que eu.
Conheci histórias tão piores que a minha. Mulheres tão mais fortes que eu. Hoje, o meu caso de estupro parece tão pequeno, tão menos pior. Mas doí, doí mesmo assim. E eu que tento não lembrar o tempo todo,as vezes queria gritar e falar de novo. E contar, compartilhar que ainda tenho medo. Mas as pessoas já cansaram de ouvir, doí pra elas também e é melhor esquecer o assunto,ficar em silêncio. 
O problema é que isso continua a existir dentro de mim, não só dentro de mim, mas no dia a dia de milhares de mulheres no mundo.A todo instante. E por queê ? Que prazer pode ser gerado,com algo forçado?
é preciso denunciar. é preciso gritar. é preciso punir.  é PRECISO PARAR com casos de estupro!

domingo, 16 de outubro de 2011

é domingo, chove la fora. Maya e eu sozinhas em casa. Quero estudar, mas é domingo..quero dormir,mas amanhã é segunda meu bem, folhinha preta como dizem e há tanto o que se fazer...Maya me olha, me convida pra passear, mas chove lá fora e eu estou de pijama -"espere um pouco mais,Negâ" eu lhe digo com os olhos.
Gosto de chuva, a cidade ficou mais bonita. Floresceu,em todas as ruas flamboyants, ipes e  bougavilles, na verdade tem outras tantas também que não sei o nome. A "cidade do parques" agora está mais verde,convidando seus moradores a sairem de casa e passear por aí ,entre suas árvores, entre o verde, nos parques da cidade.
Não entendo bem,as pessoas que pedem tanto chuva e reclamam ainda mais do calor,quando enfim a chuva vem, se escondem atrás das janelas fechadas e ao inves de sorrir e agradecer,reclamam também da chuva. Afinal, o que querem então? 
A chuva renova, limpa,leva consigo coisas ruins e trás novas histórias, novos ciclos, nova vida..esses dias, enquanto eu ia descendo no ponto de onibus o céu escureceu ainda mais e ,então caiu o mundo em água. Talvez um pouco exagero, mas sim deu pra me molhar bem durante os 500 metros que tinha que caminhar. No começo, as gotas de água fria doiam quando caiam e confesso, também tive vontade de reclamar da chuva.Mas fechei meus olhos e pedi que ela levasse embora todas as coisas ruins que eu carregava, todas as energias, todas as histórias, tudo..não tinha outro jeito,o jeito era sorrir. Olhar pra minha roupa que se colava ao corpo e meus materias enxarcados e continuar meu caminho, nem com pressa  e nem sem ela, em passos tranquilos debaixo da noite chuvosa..

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Deveria ser proibido sumir, desaparecer. Deveria ser proibido a correria do dia a dia, a falta de tempo, o estress diário e rotineiro. Deveria ser proibido dizer palavras só por dizer, sem senti-las de verdade. Deveria ser punido quem iludisse uma outra pessoa, com palavras vazias que parecem, e só parecem, tão cheias de carinho porém, que nada são, nada significam.
Deveria existir uma lei contra o tempo, contra os bons laços que se perdem no tempo. Deveria ser absurdo afastar-se de bos amigos ou eles se afastarem de nós. Deveria ser inimaginável uma noite maravilhosa e um dia seguinte vazio, dois corpos antes unidos e em seguida, duas pessoas indiferentes uma a outra. 
Deveria ser fora da lei,o absimo que cresce entre  as pessoas, separando, consumindo e transformando-as. Deveria ser insensato  a maturidade trazer a ganância e malância.
Em verdade, não deveria acontecer a banalização do amor, do beijo,dos abraços. A maquinização do homem e de seus sentimentos, a frieza da rotina, a saudade da distânica. O medo de seguir em frente e a vontade de ficar ali, e, todas as pessoas tão incriveís que solteiras estão. Isso tudo deveria ser absurdo.
E tem mais, as crianças que não veem o céu, não brincam com outras crinças,não sabem andar a cavalo, tomar banho de rio.As pessoas que já não sabem mais ver outras pessoas,que não enchergam nada além de dinheiro. As responsabilidades que deixam de ser prazerosas e se tornam absurdas. Os amigos que se casam de deixam de ver os amigos. Isso tudo é absurdo.
É também insensato a chuva que cai e as pessoas que reclamam e se escondem que não se permitem mais o prazer de um banho de chuva ou, dos pés descalços tocarem o chão frio ou a grama verde. É insensato duas amigas,antes tão amigas, agora tão desconhecidas e é também, dois personagens,duas almas que se amaram loucamente por um bom tempo, então nem se olharem mais nos olhos.

deveriamos buscar o que é sensato, o que humano e o que ainda pode ser cuidado. O amor, o carinho, as coisas simples da vida. Um banho de chuva, um beijo bom, uma saudade boa e bem correspondida, uma notícia leve..