segunda-feira, 24 de outubro de 2011

medo

hoje tive um sonho estranho, dois caras corriam atrás de mim. Eles tinham má intenções e por um triz, não conseguiram me pegar. Na cena seguinte, eu abraçava minha mãe e chorava,chorava muito. Acordei assustada, feliz por estar segura no meu quarto.
Foi estranho o sonho, mas reflete meu medo. Medo do escuro, medo da noite, medo do medo. Medo de caras desconhecidos, medo de gente negra, medo de homem que diz "princesa". Eu vivi algo muito ruim, algo que não desejo a ninguém. A nenhuma mulher nesse mundo.Nem para aquelas mulheres invejosas ou traiçoeiras, cada um colhe o que planta e na vida,uma hora se paga. Mas não desejo que ninguém pague com a dor, com o sofrimento da coisa tão absurda que eu vivi.
Chama- se estupro. O meu durou uma hora, uma hora inteira, que não passava. Pra mim, parecia uma eternidade. Cada segundo era infinito de dor e medo. Eu só queria continuar viva, só queria voltar pra casa, voltar pro meu Brasil, para os meus quartos, os meus mundos. Para os meus pais, amigos e pessoas amadas.  Estou viva e já vai fazer dois anos,agora, por esses dias. Andando por aí, descobri outras histórias bem piores que a minha. De mulheres que foram vitimas de pessoas  conhecidas como namorado, avô, primo,tio.. e por aí vai. O meu não tem nome, nem cara, nem tenho a menor ideia de quem seja. PUTA QUE PARIU. O que afinal leva um cara a fazer algo tão absurdo, tão loco  como uma mulher. PUTA QUE PARIU.
Aprendi a ser forte, a sorrir e brincar com esse assunto. Mas a verdade, é que tenho medo. Muito medo! Medo de andar nas ruas, medo de olhar pra trás, medo de homens negros (mesmo que sejam bem vestidos). Tenho medo da noite e admiro todas as pessoas que vivem sem medo, que desfrutam a noite,adoram a madrugada.Tenho medo de andar de onibus, tenho medo de ruas escuras e até ruas claras,quandoo já é noite. Tenho medo de pedreiros, garis, homens na rua. Tenho medo de homens.
Aprendi a sorrir, a olhar pra trás e ver amor. Porque eu tive do meu lado,muito amor, muito carinho e muito cuidado. De todos os lados. Mas ainda sim, tenho medo. Depois do estupro fui tão cuidada e,não é que hoje eu não seja mais, só que a vida segue. E eu estou seguindo em frente, estou reaprendendo a caminhar por aí, a não ter medo. Mas é tão difícil. E as vezes, eu não queria sair correndo quando vejo um negro ou tremer só com uma olhada. Mas é tão difícil. é maior forte que eu.
Conheci histórias tão piores que a minha. Mulheres tão mais fortes que eu. Hoje, o meu caso de estupro parece tão pequeno, tão menos pior. Mas doí, doí mesmo assim. E eu que tento não lembrar o tempo todo,as vezes queria gritar e falar de novo. E contar, compartilhar que ainda tenho medo. Mas as pessoas já cansaram de ouvir, doí pra elas também e é melhor esquecer o assunto,ficar em silêncio. 
O problema é que isso continua a existir dentro de mim, não só dentro de mim, mas no dia a dia de milhares de mulheres no mundo.A todo instante. E por queê ? Que prazer pode ser gerado,com algo forçado?
é preciso denunciar. é preciso gritar. é preciso punir.  é PRECISO PARAR com casos de estupro!

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